- Para outro significado, veja: Misandroginia
A discriminação contra pessoa não-binárias ou exorsexismo, outras vezes chamade de nbmisia (não-binárie misia) ou exornormatividade, se refere a discriminação e/ou preconceito que pessoas não-binárias enfrentam, descrevendo a ideia de que pessoas podem ser apenas homem ou mulher, reforçando então a binaridade de gênero. Exorsexismo afeta:
- Pessoas que não são nem homens e nem mulheres, seja por não ter gênero, seja por ter um ou mais gêneros diferentes destes;
- Pessoas que são bigênero homem/mulher (ou ambigênero, ou gênero-fluido, ou similar que tenham estes gêneros);
- Pessoas que são parcialmente homens ou mulheres, como homens-vagues, mulheres-cinza, demimeninos, quivermeninas, etc.;
- Homens e mulheres não-bináries, agênero, sem gênero, etc.;
- Pessoas transfemininas e transmasculinas não-binárias, ou que não se reinvindicam como mulheres e homens bináries;
- Pessoas de gêneros indefinidos (como pessoas pomogênero);
- Pessoas que consideram que certo fator externo é parte do seu gênero e que por isso seu gênero não é binário (isso inclui várias pessoas neurogênero, intergênero, gênero-orientação, egogênero, etc.);
- Pessoas cujas identidades de gênero são ou eram aceitas dentro de sua sociedade, mas que diferem de homem e de mulher e que portanto são apagadas, demonizadas e afins em sociedades brancas eurocêntricas cristãs;
- Travestis que não se consideram 100% homens ou 100% mulheres;
- Qualquer outra pessoa que poderia se denominar não-binária caso quisesse.
O nome vem do termo XOR (Exclusivo ou Operação) usado na lógica computacional, que analisa duas variáveis de entrada e só sai 'verdadeira' quando as entradas diferem (uma é verdadeira, a outra é falsa). Sob uma visão exorsexista, o gênero seria analisado da seguinte forma:
- Se masculino=verdadeiro e feminino=verdadeiro: não válido
- Se masculino=verdadeiro e feminino=falso: válido
- Se masculino=falso e feminino=verdadeiro: válido
- Se masculino=falso e feminino=falso: não válido
A palavra exorssexismo é a junção do prefixo "exo" (que significa “além de”) com “sexismo” (que denoda descriminação baseada em gênero). Sendo assim, exorssexismo significa, literalmente, discriminação baseada em um gênero 'além' (além do binário).
Portanto, o termo exorssexismo representa a discriminação específica contra pessoas não binárias devido à sua identidade de gênero fora do binário tradicional homem/mulher. A palavra é utilizada para descrever e destacar a opressão e desigualdade enfrentadas por nós em diversos contextos sociais.
Esse tipo de opressão é baseada na crença de que pessoas não-binárias – ou de que quaisquer outras pessoas que não se identificam somente, constantemente e completamente como homens ou como mulheres – estão só imaginando coisas, ou mentindo. De que não existem, ou de que não devem ser consideradas relevantes. De que sempre houveram dois gêneros, homem e mulher, durante toda a história de todas as sociedades. De que certos gêneros não são reais e merecem ser desrespeitados. De que gêneros não podem ser influenciados por neurodivergência, intersexualidade ou outros fatores. De que gêneros possuem uma fixa quantidade, ou de que não podem ser fluidos.
De que pessoas não-binárias AMAB são “basicamente homens” e que AFAB são “basicamente mulheres”. A suposição de que todo mundo tem um (único) gênero ou gênero principal e a pressão para que pessoas sem um gênero ou com mais de um gênero se encaixem nos moldes de quem tem um gênero.
"exorsexismo" foi uma palavra cunhada pele usuárie do Tumblr Vergess em ou antes de 11 de novembro de 2016. O termo foi criado porque não havia anteriormente um termo para descrever a crença de que pessoas não binárias não podem existir. O termo também evita o uso indevido do termo "binarismo", que descreve como o binário de gênero ocidental foi aplicado à força aos povos colonizados durante o processo de colonização.
Exorsexismo no âmbito social[]
- A crença de que só existem dois gêneros;
- A crença de que só existem dois tipos de linguagem ("masculina" [o/ele/o] e "feminina" [a/ela/a]), de que não existe necessidade para linguagem neutra e de que neolinguagem é bobagem que não deveria existir;
- A crença de que todos os gêneros não-binários devem ter base em gêneros binários;
- A crença de que todos os gêneros não-binários baseados em gêneros binários são "basicamente binários";
- A crença de que ser não-binárie é uma escolha superficial, uma modinha, um "modificador", algo que é sempre irrelevante, porque a pessoa é "na verdade" homem ou mulher;
- A crença de que gêneros só são válidos quando existem pessoas cis de tal gênero em nossa sociedade;
- A crença de que gêneros definidos por trauma, neurodivergência, intersexualidade, ou outras experiências são inválidos;
- A crença de que é certo tratar homem e mulher como gêneros opostos;
- A crença de que é certo separar coisas ou pessoas entre (coisas de) homem e (coisas de) mulher;
- A crença de que pessoas não-binárias na verdade são cis, ou pessoas trans binárias com cissexismo internalizado, e que não merecem estar em comunidades para pessoas trans, ou terem acesso a recursos trans como terapia hormonal, cirurgias de redesignação sexual, etc.;
- Útilizar a desculpa da ignorância para justificar seu preconceito com identidades não binárias (como quando pessoas dizem que não sabem se conseguem tratar pessoas não-binárias pela linguagem correta porque "não sabem pronunciar", ou quando insistem que não conhecem as palavras/o assunto que está sendo discutido [sendo que se fosse em outro assunto ela pesquisar ia ou perguntaria] ou quando reclamam sobre o quão complicada, difícil e/ou nova é a identidade e/ou linguagem de uma pessoa não-binária.)
- Pessoas não-cis binárias acharem que sofrem exorssexismo por não serem vistas como legítimas ao seu gênero. Sendo que essa crença por si só é exorssexista (porque iguala a experiência não-binária a uma experiência de não atender expectativas de gênero, quando vai muito além disso)
- implicar com identidades menos conhecidas/mais específicas/"esquisitas", achando que a pessoa tem que "facilitar" para ser entendida;
- exigir que pessoas n-b expliquem seus gêneros para assim decidir se são ou não válidos;
- afirmar que gêneros não podem ser influenciados por corporalidade, cultura, ou experiências de vida;
- dizer que pessoas n-b terão sempre "leitura de homem ou mulher";
- ditar como pessoas n-b devem parecer/se apresentar/se vestir pra "provarem" sua identidade;
- afirmar que só podem existir identidades n-b centradas em homem-mulher ou nas concepções comuns de gênero (que só é possível ser: agênero, gênero neutro, andrógine, bigênero H/M, ou gênero-fluído H/M);
- dizer que identidades relacionadas com os gêneros binários "reforçam estereótipos";
- duvidar que a pessoa pode ser não-binária por achar que ela apenas não se reconhece nos estereótipos e papéis sociais de homem e mulher;
- achar que falar de não-binariedade vai confundir as pessoas e ainda "torná-las não-binárias por engano" (como se isso também fosse algo ruim);
- fazer pessoas n-b de mascote quando elas não concordam com determinadas identidades e/ou neolinguagem para assim legitimar essas atitudes;
- achar que está incluindo pessoas n-b quando usa as linguagens "feminina" e "masculina" juntas (ex: todas e todos).
Exemplos para entender melhor situações em que o exorssexismo é presenciado: a) É mais fácil explicar para pessoas cis o que é um homem trans do que explicar o que é uma pessoa gênero-fofo; b) As pessoas em geral vão levar mais a sério ume andrógine do que uma pessoa poligênero; c) As pessoas em geral vão insistir em usar pronome ele ou ela (especialmente em relação com o gênero que a pessoa pensa ser o "gênero de verdade" da pessoa não-binária); d) Uma pessoa gênero-fluido mulher/homem vai ser levada mais a sério do que uma pessoa fluxofluida; e) Uma pessoa raramente vai passar como não-binária. O máximo que acontece é ter pessoas se confundindo sobre o gênero da pessoa, mas elas só vão considerar gêneros binários.
Quando alguém descreve seu gênero através de metáforas e não se identifica simplesmente como homem, mulher, masculino, feminino ou neutro, é comum que pessoas binárias (e até mesmo algumas não-binárias que buscam se destacar) façam piadas, compartilhem capturas de tela de explicações desses gêneros para zombar e assim por diante.
Por outro lado, quando admiram quando alguém usa uma metáfora poética para expressar seu gênero, mas ridicularizam ou rejeitam quem usa termos específicos para resumir essa metáfora, estão limitando a expressão de pessoas com identidades de gênero não-binárias.
Além disso, reduzir a não-binaridade a uma mera questão de expressão de gênero, sem reconhecer que ninguém é um estereótipo completo de homem ou mulher, ou considerá-la apenas como um modismo, é uma forma de preconceito conhecida como exorsexismo.
Quando uma língua possui apenas dois "gêneros gramaticais" associados a homens e mulheres, isso é uma manifestação de exorsexismo estrutural. E quando as pessoas que apoiam a inclusão de um "gênero gramatical neutro" afirmam que deve haver apenas um, e que ele deve abranger tanto pessoas não-binárias quanto grupos com diferentes conjuntos de linguagem, isso também é considerado exorsexista. Isso porque as pessoas não-binárias muitas vezes têm que abrir mão de conjuntos de linguagem que as representem individualmente, mesmo que não desejem usar algo neutro ou associado aos gêneros binários, enquanto as pessoas binárias podem manter os delas de forma separada e normalizada.
O exorsexismo é uma parte do cissexismo, que envolve a opressão e discriminação contra pessoas que não são cisgênero. No entanto, existem questões que afetam pessoas não-binárias de maneira única e que não se aplicam da mesma forma às pessoas transgênero ou cisgênero binárias
Não aceitar/respeitar a neolinguagem ou demonstrar relutância em utilizá-la também pode ser considerado exorsexismo. Mesmo que a neolinguagem esteja acessível a pessoas cis; gênero designado e linguagem designada estão intrinsecamente relacionados e fazem parte do cissexismo.
A concepção de que não pode haver mais do que duas opções de linguagem reflete um viés que nega a possibilidade de existirem outras qualidades e manifestações além de feminino e masculino. A neolinguagem, por sua vez, é um mecanismo que valida as identidades não-binárias.
O desafiador é que ondas de invalidação das identidades, experiências e linguagens apenas faz com que pessoas não-binárias se retraíam. Cada vez mais, elas se isolam em espaços virtuais onde podem ser elas mesmas e serem tratadas com respeito. É por isso que muitas pessoas se encontram no Tumblr (que agora está ameaçado). Mas quantes têm refletido sobre essa questão?
Ter uma sociedade inteira para te invalidar e te nomear erroneamente é muito doloroso. Pessoas próximas que afirmam gostar de pessoaspessoas não-binárias também, infelizmente, estão propensas a seremserem exorssexistas. Nas redes sociais, pessoas visualizam e/ou curtem postagens em que falam sobre a opressão que não-bináries sofrem mas também cometem essas ações.
Exorsexismo no âmbito legislativo/juridico/estrutural[]
•Documentos e registros:[]
- Falta de uma opção alternativa a homem/mulher autodeterminada pela própria pessoa em documentos pessoais.
- Mesmo se tiver, esse processo estar burocratizado, precisando de "laudo", pagamento ou judicialização também é exorsexismo estrutural.
- Sistemas digitais e formularios institucionais serem programados para incluir apenas os gêneros binários
- Lentidão das judicializações para a retificação de documentos pessoais
•Arquitetura:[]
- Binarização em espaços em geral segregados pelo binário de gênero
- Minutas e leis de código de óbras que determinam espaço para apenas 2 gênero/"sexos", excluido pessoas que não se encaixam em tais gêneros.
- Tais espaços geralmente são banheiros separados por gênero, com sanitarios em cabines desprovidas de segurança; as vezes até abertas e coletivizadas (mictórios expostos).
•Saúde:[]
- Provedorus de saúde que não estão capacitades a lidar com pessoas não-binárias
- Exclusação de nome(s) social(is), conjuntos de liguagem e menção de gênero não-binário em registros de sistemas de saúde.
- implicitação da não-bináridade de gênero nas regulamentações dos processos "transsexualizadores".
- Não garantia a pessoas não binarias de hormonios, medicamentos e processos cirurgicos "transsexualizadores"
- Enfraquecimento e precarização de ambulatorios trans, com especificidade em não-bináries
- Privatização de academias para pratica de exercicio fisico por pessoas não-binárias
- A falta de banheiros neutros/sem genero em hospitais e locais publicos no geral
- Falta de tratamento psicológico e psiquiatrico adequado a pessoas não-binárias.
- orgãos que excluem propositalmente a neolinguagem
- privatização da produção de itens de higiene necessarios, impossibilitando a superação da pobreza menstrual de pessoas com útero no geral (agravando a marginalização de comunidades oprimidas, como a não-binária)
- Falta de estrategias educativas e de fiscalização para proteger a população não-binária de violencias verbais, fisicas, patrimoniais e emocionais/mentais.
- Criminalização e ilegalização de praticas que garantem autodeterminação a gestação e autonomia/independencia corporal.
- Enfraquecimento dos sistemas de saúde não-binários; que deveriam assegurar medicina comunitária, psicoterapia e medicamentos vinculados ao processo transsexualizador.
•Trabalho e renda:[]
- Politicas que incapacitam a população não-binária a garantia de renda e trabalho
- Esquecimento das cotas compativeis com a população não-binária.
- Falta de campanhas e sanções a empresas que se omitam as cotas ou que favorecem nbmisia.
- Programas que passam por "educativos" mas que na verdade favorecem a deseducação sobre diversidade de gênero.
- Vagas de empregos mal remuneradas ou com jornadas de trabalho exploratorias (+8hr por dia sem remuneração de hora-extra) destinadas a pessoas não-binárias ou trans no geral, somente porque não são cis e ""aceitarão essas vagas com mais facilidade"".
- Insuficiencia de oferta em relação a demanda sobre a contratação do pessoal.
•Educação:[]
- Obrigatoriedade do nome social nos documentos pessoais formais para poder ser usado em locais escolares.
- Atividades e espaços escolares que excluem pessoas não-binárias, ou que não são seguros para as mesmas.
- Não existir espaços na grade curricular sobre o combate ao exorsexismo e ao dicisallohéterosexismo no geral, racismo/colorismo e machismo/misoginia/patriarcado.
- A falta de cotas para pessoas não-binárias que garantam acesso a universidades públicas
- Educação bancaria que reforça ações exorsexistas (como o binário de gênero).
•Habitação:[]
- Destruição de casas coletivas/comunitarias para a população não-binária.
- Falta de orçamento destinada as mesmas.
- A não-garantia de moradia como direito social; marginalizando a população não-binária e impedindo-as de terem locais dignos de se viver.
- Terras publicas que não cumprem sua função social de acolher não-bináries vitimas de violência doméstica e familiar, em situação de rua e em precaridade economica.
- Calotar projetos não-bináries que lutam por moradia.
•Informação e dados:[]
- Não existir financiamento publico destinado a pesquisas sociodemograficas sobre a população não-binária
- Publicidades que reforçam o binario de gênero e propagam uma cultura eurocentrica cristã.
- Não ser qualquer pessoa que tem acesso aos dados e relatorios do dinheiro que deveria ser destinado a melhora da qualidade de vida da população não-binária.
Categorias específicas[]
- Monogenerismo: A ideia de que ter um gênero (e um gênero apenas) é a norma. A ideia de que alguém "não pode só não ter gênero" é monogenerista; a falta de medidas que possibilitam ou facilitam alguém de indicar que é de gêneros diferentes (e que pode usar nomes/conjuntos de linguagem diferentes) em períodos diferentes é monogenerista. Ações monogeneristas incluem:
- querer que pessoas escolham uma caixa de homem ou de mulher em vários aspectos da vida, sendo que essas pessoas são gênero-fluido entre esses gêneros, ou são homens e mulheres ao mesmo tempo
- não querer que pessoas que são um gênero binário e 1+ gêneros não-binários evidenciem o quanto são pessoas não-binárias que querem ser tratadas como tal e ainda terem sua identidade binária respeitada
- O tratamento de não ter gênero como um gênero, exigindo que essas pessoas cumpram ou construam papéis sociais quando uma das características de não ter gênero é não ligar pra isso
- A quantidade de formulários onde alguém tem que escolher um gênero, onde mesmo se as opções incluírem a identidade não-binária alguém pode querer marcar que é homem e mulher, ou homem e mulher e não-binárie, ou gênero-fluido, ou outra coisa
- Reducionismo de gênero: A ideia de que mesmo quem não é homem ou mulher binárie pode ser categorizade como "basicamente homem" ou "basicamente mulher". Geralmente isso é feito para que certas pessoas possam ser colocadas como "homens opressores" por terem expressão de gênero masculina e/ou por terem sido designadas homens ao nascimento, ou para invalidar orientações caracterizadas por atração de ou por pessoas não-binárias, afinal se todo mundo é "meio homem" ou "meio mulher", todo mundo que tem atração deveria poder se dizer hétero, gay, lésbica ou bi (no sentido de terem atração pelas "duas categorias"). Reducionismo de gênero é uma prática muitas vezes praticada por pessoas que dizem apoiar pessoas trans e não-binárias, mas que na verdade são pessoas que não querem ter que lidar com relações complexas que pessoas não-binárias podem ter com o sistema cissexista de gênero, e que portanto tentam categorizar pessoas não-binárias como "praticamente mulheres" ou como "praticamente homens". Ações reducionistas de gênedo incluem:
- Ignorar que pessoas podem ser homens e mulheres ao mesmo tempo (ou até mesmo em tempos diferentes), negando que certas pessoas deveriam ter tanto acesso a comunidades de mulheres quanto a de homens;
- Tentar dizer que "na prática, pessoas não-binárias precisam se alinhar a um gênero binário e viver socialmente como ele", seja para justificar que orientações que cobrem pessoas não-binárias são inúteis, seja para justificar que pessoas precisam aceitar usar o/ele/o ou a/ela/a, seja para outros usos;
- Presumir que todas as pessoas não-binárias são transmasculinas, transfemininas, ou completamente sem disforia ou vontade de se separar da ideia do seu gênero designado;
- Presumir que qualquer pessoa que tenha algum tipo de relação com algum gênero binário seja "basicamente binária", devendo querer o tratamento de uma pessoa binária, sendo 100% confortável com um corpo e com uma linguagem binária, etc.;
- Presumir que qualquer pessoa não-binária que não se considere de uma identidade próxima ao gênero feminino não tenha qualquer uso para espaços feministas ou de mulheres, e que se tentarem entrar em algum estão sendo "machos predatórios", ainda que não sejam nem queiram ser reconhecidas como homens;
- Presumir que pessoas que usam o/ele/o são basicamente homens, e que pessoas usando a/ela/a são basicamente mulheres, ainda que digam que sua identidade é igualmente de ambos esses gêneros, ou que não é de nenhum desses gêneros, ou que é mais próxima do gênero "oposto" ao que foi considerado.
- Desgenerização: Isso é algo que não afeta só pessoas não-binárias, e sim diversos grupos marginalizados (incluindo pessoas cisdissidentes binárias). Mas existe desgenerização contra pessoas que não são binárias, que é quando reduzem qualquer uma dessas identidades de gênero a "não ter gênero" ou a "não definir gênero" apenas porque não são identidades binárias.
Causas do exorsexismo[]
Ume usuários do colorid.es fez uma publicação em sua conta (@luaitl@colorid.es),discutindo justamente esta questão. Caso queiram ver a publicação original, ela pode ser acessada aqui
Por séculos, a sociedade impôs normas rígidas de gênero, perpetuando a ideia de que homens e mulheres possuem características fixas e imutáveis. Essa mentalidade discriminatória marginaliza e silencia as identidades não binárias, negando-lhes espaço para existir e serem reconhecidas plenamente. Atitudes discriminatórias deste tipo não são de hoje; quando Europeus chegaram as Américas, existiam comunidades indígenas que possuiam sistemas de gênero triplos, quádruplos e até quíntuplos (onde estes gêneros poderiam ser descobertos através de sonhos). Tais gêneros não iam de acordo com os interesses da elite Europeia e, então, essas aldeias foram brutalmente oprimidas e obrigadas a seguirem os papéis sociais de gênero Europeus.
Mas... Pq os portuguêses se importavam tanto com a organização social desses povos? Porque estas organizações limitavam a exploração que os indígenas sofriam por parte dos Europeus e dificultava a colonização dessas terras.
Acontece que o sistema sexo-gênero conceitua os indivíduos “homem” e “mulher” com o único e somente objetivo de justificar determinadas explorações. Estes sujeitos foram concebidos em uma rede de poder, onde o homem (branco, rico) ficava no topo da hierarquia e a mulher abaixo. Os papéis sociais de gênero obrigam as pessoas a se adequar por causa de um padrão. Estes estereótipos fazem com que alguns indivíduos se prendam nestas “obrigações” e sintam nojo/ódio/rancor de tudo que é diferente.
A elite Europeia, obviamente, garantiu que este padrão fosse seguido em todas as suas colônias. Pelo motivo de: a separação/desunião da classe explorada (seja por meio de gênero, raça, ““classe”” [baixa, média], etc.) dificulta o processo de consciência e radicalização da mesma.
Atualmente, estas questões ajudam a manter estas estruturas de poder pelo motivo que já foi citado. As relações sociais capitalistas fermentam, como condição e resultado, opressão e exploração do proletariado como um todo; onde cada grupo minoritário é explorado com peculiaridades.
As estruturas sociais, culturais e económicas que formentam o capitalismo, são as mesmas que formentam a exploração de grupos minoritários.
No contexto exorsexista, estas explorações se referem ao reforço do binarismo de gênero. Esse binarismo se reflete na distribuição de papéis de gênero na sociedade, criando expectativas rígidas e prejudiciais que marginalizam e excluem as pessoas não binárias. O binarismo de gênero é muitas vezes tratado como uma "verdade" inquestionável e uma base para a organização da sociedade. Essa divisão rígida do gênero é reforçada por meio de várias instituições sociais, como a família (desde o nascimento, muitas famílias tendem a impor expectativas e comportamentos de gênero estereotipados em seus filhos, de acordo com seu sexo atribuído), a educação (por meio de currículos, material didático e práticas em sala de aula. Por exemplo, livros didáticos muitas vezes retratam papéis de gênero estereotipados e representações limitadas de personagens femininos e masculinos. As escolas também podem impor códigos de vestimenta com base no gênero, restringindo a expressão de gênero dos estudantes), a mídia (como: mulheres são frequentemente retratadas como frágeis e dependentes, enquanto homens são mostrados como fortes e assertivos. Essas representações limitadas podem afetar a autoimagem e a autoestima de pessoas que não se encaixam nesses estereótipos de gênero) e a religião (algumas instituições religiosas podem ter ensinamentos rígidos sobre papéis de gênero, definindo expectativas específicas para homens e mulheres). Essas instituições (que estão sob o controle da classe dominante) tendem a perpetuar normas e estereótipos que encaixam os indivíduos em categorias restritas de acordo com seu sexo atribuído no nascimento.
Como dito anteriormente, o binarismo de gênero é utilizado para justificar desigualdades de gênero no sistema capitalista. Por meio da desigualdade salarial, desvalorização do trabalho doméstico, limitação na carreira profissional, fermentação da cultura do estupro (as vítimas são muitas vezes culpabilizadas e desacreditadas com base em estereótipos de gênero. Isso dificulta a responsabilização de agressores e perpetua a violência contra mulheres e pessoas não-binárias), discriminação com base em gênero, etc.
A divisão rígida entre masculino e feminino, cria expectativas e normas sociais que limitam a liberdade de expressão e perpetuam desigualdades. Essas expectativas não apenas limitam o desenvolvimento individual, mas também criam um ambiente hostil para qualquer expressão de gênero que saia do padrão estabelecido.
Já pessoas não-binárias enfrentam desafios adicionais; por sermos invalidades, excluídes, marginalizados, ignorados e maltratades.
O capitalismo lucra e controla o corpo das pessoas por meio de indústrias que se beneficiam. Um exemplo desse tipo de indústria é a farmacêutica que ao explorar a medicalização de questões relacionadas à identidade de gênero e expressão. Pessoas não binárias podem enfrentar barreiras ao acessar tratamentos de saúde que respeitem e compreendam suas necessidades específicas, o que pode reforçar a dependência de soluções médicas e farmacêuticas para se enquadrarem em padrões impostos.
Outra forma de controle sobre os corpos está relacionada ao acesso à reprodução e planejamento familiar: políticas e a legislações relacionadas ao aborto e contracepção, restringindo o acesso a cuidados de saúde reprodutiva com base em normas de gênero impostas.
O sistema capitalista favorece uma divisão rígida do trabalho com base no gênero, onde algumas ocupações são consideradas "adequadas" para homens e outras para mulheres. Essa divisão também exclui e desvaloriza trabalhadores não binários, limitando suas oportunidades e acessos a emprego dignos.
Como tds sabem, literalmente TUDO pode virar mercadoria no capitalismo, e isso não seria diferente com as identidades não-binárias: Um exemplo dessa mercantilização é a exploração de marcas e empresas que adotam uma aparência de inclusão e diversidade, mas, na prática, não tomam medidas significativas para apoiar e respeitar as pessoas não binárias. Essas empresas podem usar a linguagem e símbolos da não-binaridade em suas campanhas de marketing para atrair um público mais amplo, sem realmente se comprometerem com a luta por direitos e igualdade. Isso pode levar à cooptação da luta contra a opressão de gênero e à exploração das experiências e identidades de pessoas não binárias.
Conclusão: é IMPOSSÍVEL combater o exorsexismo de forma efetiva dentro das condições atuais. A única forma de realmente combater a exploração que grupos minoritários sofrem é por meio da emancipação da classe trabalhadora/proletario. Com a superação do capitalismo, nós temos a oportunidade de superar (também) preconceitos e contradições das antigas sociedades.
Poderemos fazer isso por meio de projetos sistemicos que punam qualquer tipo de preconceito, e que realmente funcione, não dê anistia a nenhum caso. Coisas fundamentai também serão o destruímento do estado (óbvio) e o fortalecimento da educação.[1]
O texto fala, basicamente, sobre a imposição de normas rígidas de gênero ao longo da história pela sociedade, discriminando e marginalizando as identidades não binárias. Aborda como essa mentalidade discriminatória esteve presente desde a colonização das Américas e como a exploração de gênero foi utilizada para justificar desigualdades no sistema capitalista. Além disso, o texto destaca as dificuldades enfrentadas pelas pessoas não binárias, a mercantilização de suas identidades e como o capitalismo controla seus corpos por meio de diversas indústrias. Aponta a necessidade de superar o capitalismo para combater efetivamente a discriminação de gênero e promover uma sociedade mais igualitária.
Ligações externas[]
- https://mogai-genders.fandom.com/wiki/Exorsexism
- https://www.lgbtqia.wiki/wiki/Exorsexism
- Ume garote alternative: O que é exorsexismo
- O que é EXORSEXISMO e como combatê-lo? - Parada LGBTI+ de Londrina
- https://amplifi.casa/~/Asterismos/exorsexismo/
- http://web.archive.org/web/20160509134910/https://vergess.tumblr.com/post/143919554200/xor-gender-chart